luz e sombra na arquitetura
LIGHT AND SHADOW IN ARCHITECTURE
ombre et lumière dans l'architecture

28 de mar. de 2011

gótico

























Catedral Saint-Gatien: Tours, França, séculos XII-XVI
SAINT-GATIEN CATHEDRAL: TOURS, FRANCE, 12-16TH CENTURIES 
Cathédrale Saint-Gatien: France, XII-XVIe siècles 
























Catedral Notre-Dame de Chartres: França, séculos XII-XIII  fachada principal e entrada lateral

NOTRE-DAME DE CHARTRES CATHEDRAL: FRANCE, 12-13TH CENTURIES 
MAIN FAÇADE AND LATERAL ENTRANCE

Cathédrale Notre-Dame de Chartres : France, XII-XIIIe siècles  façade principale et entrée latérale


Uma breve contextualização do PERÍODO GÓTICO PRIMITIVO E CLÁSSICO (1150-1250) da história da arquitetura:

O marco do início da arquitetura gótica foi a reconstrução,  entre 1140 e 1144, do coro da abadia de S. Denis, próxima a Paris. É interessante notar que as três principais características formais góticas - o arco ogival, o arcobotante e a abóbada nervurada - não foram inventadas nesse período. A grande inovação gótica foi, nas palavras de Pevsner (2002, p. 82), a “combinação desses motivos numa nova proposta estética”, cujo objetivo era “animar massas inertes de pedra, acelerar o movimento do espaço e reduzir toda a construção ao que, aparentemente, seria um sistema inervado de linhas de ação”. Este autor defende a tese de que a evolução estética da arquitetura gótica foi mais significativa que a evolução técnica, a qual se expressou na evoluçao da aboboda e do arcobotante, descrita a seguir. 

O peso da abóbada de berço é distribuído ao longo das paredes, enquanto que o peso da abóbada de arestas recai sobre apenas quatro pontos. Mas ambas necessitavam de vãos quadrados. Já a abóbada de arco ogival dá maior verticalidade e portanto maior segurança estrutural, além de permitir vãos retangulares ou de outras formas, pois o arco ogival pode ser “esticado” horizontalmente sem prejuízo dos esforços verticais. As nervuras reforçaram as arestas das abóbadas e os arcobotantes e contrafortes no exterior da igreja permitiram paredes mais finas. Essas inovações estruturais tinham como intuito possibilitar a aparência de leveza e imaterialidade no espaço interior das igrejas, quer dizer, o objetivo maior foi de ordem estética mais do que técnica.

O conjunto da igreja gótica é composto de três partes, articuladas de forma mais sutil que nas igrejas românicas: oeste (entrada), centro (o transepto) e leste (altar). No fim do século XII, tem-se a passagem do Gótico Primitivo, representado pela Notre Dame de Paris, para o Gótico Clássico, representado pelas catedrais de Chartres (fotos acima), de Reims e de Amiens (outro exemplo é a catedral de Tours na primeira foto), na França, e pelas catedrais de Lincoln e Salisbury, na Inglaterra. As elevações internas da nave, antes divididas em quatro partes (arcada, galeria, trifório e clerestório), passam a ser divididas em 3 partes: possuem apenas o trifório separando as altas arcadas do térreo das altas janelas do clerestório e a verticalidade agora é ainda mais acentuada.

Enquanto na igreja paleocristã o impulso leste era bastante acentuado, na igreja gótica há um impulso vertical além do impulso leste. Existe também um contraste entre um interior espiritual e um exterior racional, onde vemos o mecanismo estrutural explicitado – os arcobotantes e contrafortes. “Assim como uma fuga de Bach, a catedral gótica apela para toda a nossa capacidade emocional e intelectual” (Pevsner, 2002, p.104). Por essa razão, pode ser considerada verdadeira obra de arte.

Referência bibliográfica:
Pevsner, Nikolaus, Panorama da Arquitetura Ocidental (São Paulo: Martins Fontes, 2002).

  

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